terça-feira, 1 de novembro de 2011

Mídia imparcial? Como assim?

Antes de mais nada, gostaria de parafrasear meu querido professor de Linguística: não existe texto imparcial. Isso se deve ao fato de que até quando escrevemos, nossos ideais e nossa personalidade também se manifestam. Por isso é impossível fazer um texto imparcial. Tudo bem, agora deixando o discurso científico de lado, vamos à "vaca fria".


Esta semana fomos bombardeados com notícias que falavam da ocupação do prédio FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), na USP. Todos os meios de comunicação se prontificaram a fazer debates com sociólogos, psicólogos, professores, alunos, jornalistas e por aí vai. Devo admitir que andei lendo alguns blogs de pessoas que são a favor e contra a ocupação da PM no campus. Li diversas notícias e notei algo digno de ser compartilhado. Pode até parecer óbvio para algumas pessoas, mas ainda assim resolvi postar por aqui. Vejam as manchetes abaixo:


"Polícia e alunos da USP entram em confronto"


"Alunos da USP ferem policiais na cabeça com pedradas"


"Grupo protesta contra detenção de estudantes na USP"


São três manchetes de diferentes sites que informam o mesmo acontecimento. Mas é possível notar a parcialidade excessiva em uma das notícias, não é mesmo?


Quero chamar a sua atenção para a segunda manchete: "Alunos da USP ferem policiais na cabeça com pedradas". Ela foi publicada no site da Revista Veja, uma revista idônea e ultra-conservadora (este último fica por minha conta). Infelizmente a mídia continua manipulando DESCARADAMENTE a sociedade. Não é uma imparcialidade aceitável. É algo gritante, meio lavagem cerebral mesmo. Tanto é que - para aqueles mal informados - fica explícita a violência com que alunos da USP atacam os bandeirantes modernos. Ohh, reverência para a Polícia Militar, que aborda os cidadãos de uma maneira gentil, não é mesmo? Bom, acho que estou entrando no assunto polêmico da ocupação na USP. Voltemos a gritante parcialidade da respeitosa Revista Veja.


Gostaria de convidá-los à seguinte reflexão: O que a revista quis passar aos seus leitores quando publicou essa manchete? Existe algum motivo pelo qual ela transfere aos alunos toda a responsabilidade pela "baderna"?


Eu sou muito cética, desculpem-me. Às vezes chego a pensar que a elite brasileira está por trás dessas coisas. Sabem, aquelas famílias que possuem toda a riqueza de um país em suas mãos e acabam fazendo o povo de marionete?


Ah, mas não podemos perder a próxima edição da Veja! Com certeza estamparão a capa com os "terroristas uspianos", ou melhor, fefelechianos.


E para fechar com chave de ouro, ainda hoje li um comentário no blog do jornalista Reinaldo Azevedo (da Veja) http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/ que o FFLCH deveria ser fechado e assim não haveria mais cursos de "esquerda"! Que deveriam substituí-los por Engenharia, Tecnologia, Medicina e por aí vai. Esse sim deve ter um belo quadro do Mussolini na parede de casa. 


"Cadeia neles!", como dizem por aí.

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