quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

das Catarses de 2011.



Fim de ano é sempre cheio de clichês. As pessoas ficam efusivas nessa época do ano. Abraços demais, beijos demais, felicitações demais, presentes demais, consumo demais. Tudo é exageradamente enjoativo. Percebo que há uma necessidade de afirmação nessa época do ano. Uma imensa necessidade de mostrar ao mundo as compras que você fez, o que você comeu na ceia, aonde você foi passar suas férias e por aí vai. Bom, acho que o espírito natalino morreu em mim. E com ele morreu minha vontade de ser efusiva no Natal. Por isso eu prefiro o Ano Novo. No meu caso foi um ano conturbado, mas com experiências excelentes. Cada dia foi uma batalha a ser vencida, e de fato foram vencidas. Agora inicia-se um novo ciclo, muito mais desafiador e envolvente.

É, o Ano Novo para mim é muito mais significativo do que o Natal. Foi o ano que mais escrevi poemas, que mais me dediquei a mim mesma. Foi o ano que me descobri, me desvendei. E vejo que ainda há muita coisa que não sei de mim. Isso me excita! Nesse ano eu mergulhei dentro de mim e não pretendo emergir tão cedo.

Foi o ano das conquistas: emprego, amigos...

E o mais inquietante é que não me programei. Não tracei objetivos, não criei tantas expectativas e tudo fluiu naturalmente. Não pressionei as pessoas para que correspondessem àquilo que eu desejava. Simplesmente as deixei livres e confortáveis - tá, nem todas - e aquelas que mais pressionei foram as que mais se afastaram. Meu exercício diário tem sido exatamente esse: libertar-me das expectativas.

Porque quando eu colocava o peso das minhas esperanças sobre os ombros de outrem, percebia que a relação ficava instável. Porque muitas vezes as pessoas não correspondiam, e nem deveriam, então ficava um clima fastidioso. Falo isso para todos os tipos de relações.

E convenhamos, é muita responsabilidade para uma pessoa simplesmente ter que corresponder às expectativas de outro alguém, não acham?

E depois veio aquela ideia de libertar-me do modelo romântico. Eu venho rompendo com essas idealizações há algum tempo. Infelizmente muita gente acha que me tornei 'fria' depois disso. Não é isso! Ainda gosto de ganhar flores, gosto quando alguém abre a porta do carro para mim, gosto de ser cortejada, de ser tratada com carinho, de ouvir palavras de amor, etc. Mas venho rompendo com o modelo 'novela das 9 de viver'. Já até postei aqui no Catarse que não acredito em almas gêmeas nem em conto de fadas. Ao meu ver é uma maneira de alienar as pessoas. É dessa visão romântica que eu falo e isso tem tudo a ver com criar expectativas! Pense na imensa responsabilidade de ser a 'metade da laranja' de alguém! Não dá.

Por isso hoje eu afirmo: existem pessoas que se encaixam no meu momento. Da mesma forma que o meu momento muda, as pessoas estão em constante mutação. Isso não quer dizer que eu não seja capaz de me apaixonar...ainda sou uma explosão de emoções. Ainda sou um turbilhão de ideias, ainda sou aquela pessoa impulsiva, talvez um pouco mais racional, mas com os sentimentos jogados no papel.

Espero que vocês tenham tido muitas catarses nesse ano, pois as minhas realmente me deixaram ao avesso!

Au revoir!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

declaração póstuma.

Estou apaixonada.


Estou perdidamente apaixonada por você. Soa meio estranho, eu sei. Mas o que posso fazer?! Tá, eu canso de falar que o romantismo não está com nada. Mas é aquele negócio de cuspir para o alto e cair na testa.

E você me entende demais. Suas verdades são ásperas, mas são as verdades que não encontro em mim. Ou melhor, passei a encontrar após ter te conhecido.

Só tenho uma coisa a dizer: obrigada.

Passei a me conhecer quando te conheci. Espero que muitos tenham o prazer de sentir a mesma coisa.

Às vezes fico imaginando o que você responderia se eu tivesse te enviado uma carta com esses dizeres. Bom, vou arriscar:

"Cara leitora, não penso que meus textos ajudem-na a descobrir suas verdades. Essas são minhas e pronto. Bom, não leia tudo o que eu escrevo porque muitas vezes sou áspera e não quero que você receba minha aspereza.

Atenciosamente,

Clarice Lispector."

Voilá!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

nostalgia.


Não tenho máquina de escrever. Quando eu era criança, passava horas escrevendo na máquina da minha mãe. Queria escrever uma biografia aos 9 anos. Nossa, mas o que uma criança de 9 anos teria para contar da sua vida? Eu tinha. Estava convicta de que a história da minha vida era interessante. Brincava de esconde-esconde, roubava beijos na maior inocência, soltava pipa, andava de carrinho de rolimã. Eu mergulhava todos os dias na delícia de ser criança. Precisava escrever sobre isso. E a máquina...ahhh! Aquele barulho frenético das teclas sendo pressionadas. Parecia uma luta. Meus dedos fracos ficavam doloridos de tão forte que eu batia. E quando via cada letra formando uma palavra, sentia-me completa. Às vezes eu apenas fingia que escrevia só para ouvir o barulho da máquina trabalhando. Olivetti. Eu me apaixonei perdidamente por ela.

Hoje, quando sento para escrever, sinto falta dessa companheira de infância. Mas também sinto falta do papel almaço. Fiz dois livros no papel. Um deles era "O telefone mágico", com direito a capa colorida e tudo mais! Infelizmente eles se perderam no tempo, ou eu os perdi, ou nós nos afastamos por algumas décadas e quando voltei para procurá-lo, já não existia mais. 

Sempre tive essa necessidade de escrever. Sempre me expressei melhor na escrita. Quando escrevo sou assim, eu mesma, como vim ao mundo, nua e desavergonhada. Escrever é como um ato sexual. Começo lentamente, meio intimidada com a folha (mesmo no computador) em branco. Começo a digitar e as palavras vão saindo lentamente, ainda tímidas, mas aos poucos vão se soltando. São as peças de roupa sendo tiradas suavemente. E então começa o frenesi. É o momento que eu mais gosto! Quando simplesmente vou escrevendo e não quero mais parar, parece que as palavras vão se encaixando perfeitamente. O texto ganha coerência e minhas mãos chegam a tremer de tanta empolgação. O auge é a conclusão, o fechamento, é nesse momento que os corpos se contraem de tanto prazer. Fico ofegante, cansada. Encaro o texto por alguns minutos e me apaixono.

É assim, sempre foi assim...

Eu me entrego perdidamente a esse prazer. Mas com a Olivetti era mais prazeroso. Ah, sim! O teclado do computador não tem o mesmo som, não existe uma luta entre mim e ele. É macio, silencioso. É o sexo romântico. Me agrada, mas com a Olivetti era algo enlouquecedor. E eu era tão menina. Preciso comprar uma máquina de escrever para ver se ainda temos essa conexão. Talvez eu volte a ser menina por alguns instantes, talvez eu sinta aquela vontade de escrever uma biografia, talvez eu mergulhe um pouco mais para dentro de mim.

E quando batiam à porta perguntando por mim, eu e a Olivetti ficávamos em silêncio, envergonhadas. Porque eu estava completamente nua, com meus segredos jogados no papel. Ela devia rir daquela situação. E eu só tinha 9 anos...


quarta-feira, 30 de novembro de 2011

09:23





"Let  Down" do Radiohead na música d'A Banda Mais Bonita da Cidade


cantando os acordes e ouvindo o som da guitarra


"Dó com baixo em dó
Sol com baixo em si
Lá com baixo em lá
Lá com baixo em sol
Fá com baixo em fá
Fá com baixo em fá sustenido
Sol com baixo em sol
Sol com lá bemol
Dó maior com dó
Sol maior com si
Lá menor com lá
Lá menor com sol
Fá com baixo em fá
Fá com baixo em fá sustenido
Sol com baixo em sol
Sol com lá bemol"



Trilha sonora do mês: "Canção pra não voltar"


nem eu, nem tu.


Porque voltar dá muitas voltas e acho que já rodei demais [a esmo].

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Poeta das ruas

Outro dia conheci um poeta. Ele se aproximou do nosso grupo querendo apenas conversar. Dizia que morava na rua e dependia da bebida para encarar a dura realidade. Então ele começou a recitar um poema. Bom, aí o cara tocou no meu ponto fraco! Enquanto meu amigo anotava cada palavra eu ouvia atentamente para tentar descobrir quem era o autor. Ele fez questão de falar "eu que escrevi!". Fiquei na dúvida e procurei na internet...mas nada encontrei.

A vida é a gota d'água
No imenso mar de areia
A liberdade em uma emaranhada teia
É o choro do bebê na hora do nascimento
É a chuva que cai
É o ar em movimento

É do poeta a rima
Do ator a personagem
De Eros é o amor
Do fim da rua a passagem
É a canção que me cresce
Da overdose é a viagem

(Tomás de Aquino - poeta das ruas)

Sei que ele não sabe e talvez jamais descubra. Mas isso ficou marcado em mim, e hoje eu sinto uma ponta de inveja. Uma vontade de também ser das ruas e poder descrever de forma tão sucinta o que é a vida.

Um brinde ao Tomás - não o teólogo italiano - mas o Tomás que parou apenas para trocar uma ideia e pedir um cigarro.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

da overdose do ser.



Transtornos retornam ao miolo
Tremendo convulsivamente
Entorno a garrafa de Stolichnaya
Na blusa manchada de batom
Do copo suado sobre a mesa
Escorrem gotas de neon
O corpo suado explode
Num ímpeto tesão
Batalhas silenciosas
Mundos que se chocam
Chocados, caem desconfigurados
Mas quando?
Frio pesadelo de arrepiar a espinha
Uma dose de mercúrio
Paralisa o feto inquieto no breu,
Uma dose de chumbo,
Uma dose de manganês
Para esquecer a dor latente
Uma dose de conhaque
Uma dose de uma dose
Consumindo gota a gota
Até atingir o estado gasoso do ser
Quando as moléculas agitam-se freneticamente
Misturam-se com o ar
Desaparecem sem deixar rastros
Somente o copo vazio e suado
Sem dose de nada









domingo, 20 de novembro de 2011

[re]nascimento

Você cansou de ser a escória do submundo
Transbordou lágrimas de sangue oxigenadas
Deixou refletir uma imagem distorcida
Do seu rosto, tateou na escuridão
E encontrou aquilo que não queria
Mordeu o pedaço mais amargo do fruto
Entre pétalas, doçuras e borrões
Deixou a melhor fatia da vida ser engolida
E deglutida por aqueles que não sabem o que querem
Quebre as correntes que te prendem e mova seu corpo maltrapilho
Enfrente seus medos e enfie uma adaga na alma miserável
Derrube os sonhos românticos e abrace a realidade com furor
Você que passa o dia alienado e dorme sonhando
Com mundos e universos que não são nada
Apenas uma doce ilusão que destila seu pior veneno
No seu cérebro moribundo e fétido
Não aceite a luz como verdade
Construa sua própria realidade
Em meio a tantas balelas, mazelas, sequelas
Saia do estupor leviano!
Saia da caverna de mentiras!
Seja parido novamente!
E venha ao mundo com a sensatez
De um ser racional




Em meio a tantos desencontros, reinvento essa parte gasta de mim. Reconstruo cada detalhe e debulho todos os sentimentos retrógrados. Quando fecho os olhos tenho a sensação de estar em meio a um tiroteio. Vou me agachando lentamente e minha razão se despedaça como um copo de cristal chocando-se com o chão. Minhas ideias avulsas são ácidas e corroem a fina camada de sensatez que ainda me resta. Estou pronta para o que vier, se é que virá. Extermino cada expectativa para que consiga voar tão livre quanto os meus versos. Estou à deriva em meio a tantos desencontros. Estou no meio da avenida movimentada. Estou no meio da manada. Sou a pedra no meio do meu caminho e com ela não faço castelos em mim.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

"Scrivi tu la fine, io sono pronto"


Pra quem quiser conhecer um pouco da música italiana, recomendo essa banda "Negramaro" e o bellissimo poeta e cantor, "Lorenzo Jovanotti".

Cade la pioggia
Cade la pioggia e tutto lava
cancella le mie stesse ossa
cade la pioggia e tutto casca
e scivolo sull'acqua sporca
si ma a te che importa e poi
rinfrescati se vuoi
questa mia stessa pioggia sporca
dimmi a che serve restare lontano in silenzio a guardare la nostra passione che muore in un angolo e non sa di noi....non sa di noi
cade la pioggia e tutto tace
lo vedi sento anch'io la pace
cade la pioggia e questa pace è solo acqua sporca e brace c'è aria fredda intorno a noi abbracciami se vuoi
questa mia stessa pioggia sporca
dimmi a che serve restare lontano in silenzio a guardare la nostra passione che muore in un angolo e dimmi a che serve sperare se piove non senti dolore come questa mia pelle che muore, che cambia colore, che cambia l'odore
tu dimmi poi che senso ha ora piangere, piangere addosso a me che non so difendere questa mia brutta pelle così sporca, tanto sporca come sporca questa pioggia sporca si ma tu non difendermi adesso
tu non difendermi adesso
tu non difendermi piuttosto torna fango si ma torna e dimmi che serve restare lontano in silenzio a guardare la nostra passione non muore, ma cambia colore
tu fammi sperare che piove e senti pure l'odore di questa mia pelle che bianca non vuole colore, non vuole colore
(Feat Jovanotti...)
La mia pelle è carta bianca per il tuo racconto
scrivi tu la fine
io sono pronto
non voglio stare sulla soglia della nostra vita
guardare che è finita
nuvole che passano e scaricano pioggia come sassi
e ad ogni passo noi dimentichiamo i nostri passi
la strada che noi abbiamo fatto insieme
gettando sulla pietra il nostro seme
a ucciderci a ogni notte dopo rabbia
gocce di pioggia calde sulla sabbia
amore, amore mio
questa passione passata come fame ad un leone
dopo che ha divorato la sua preda ha abbandonato le ossa agli avvoltoi
tu non ricordi ma eravamo noi
noi due abbracciati fermi nella pioggia
mentre tutti correvano al riparo
e il nostro amore è polvere da sparo
il tuono è solo un battito di cuore
e il lampo illumina senza rumore
e la mia pelle è carta bianca per il tuo racconto
ma scrivi tu la fine
io sono pronto

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Acordei assim

Parecia inevitável e quanto mais inevitável fosse, saía do controle sem que ao menos soubesse como interromper. Hoje não tenho cigarros nem flores e sinto uma necessidade de tirar o fio da tomada para interromper a passagem da eletricidade. Não consigo. Por isso, inevitavelmente, ela continua sambando e fazendo arruaça na esquina dos meus pensamentos, fazendo pirraça mesmo, entende? Foi uma luta injusta entre mim e aquela que me cobre. Pelo menos não é um monólogo. Enquanto falo sozinha,  me comunico com essa que me transborda, que me completa deixando restos de mim mesma. E ela me entende! Talvez a única que não tenha [pre]conceitos. A única que, de fato, me faz feliz.

E sobre essa tal felicidade, que mais parece um produto na prateleira do mercado? Ser feliz, ao meu ver, é um estado de espírito. Não é algo constante e nem pode ser. Se a felicidade fosse contínua nós não a sentiríamos.  E porque essa busca incessante pela felicidade? Como se fosse algo pleno, ou melhor, como se houvesse a necessidade de ser pleno. Não é!
Além de não ser possível, a tristeza também nos completa. Se não houvesse tristeza, a felicidade seria eterna e jamais sentiríamos a kathársis. Ai, como eu amo essa palavra! A revelação, a purificação da alma através do drama. Trocando em miúdos, passar por momentos de tristeza para em seguida descobrir que aquilo fez todo o sentido. 
Tenho uma necessidade imensa de ser muito para mim. De me revelar para mim. De me esconder dos outros e aparecer só para mim. Então bate aquela coisa individualista. Aquele negócio de completar a si mesmo e o resto é resto. Seria essa a saída?
Será que eu deveria passar mais tempo refletindo sobre minhas atitudes e menos sobre o mundo? Meu mundo interno é mais importante que o externo? Mas o externo determina o que sou. Será que preciso ser mais útil para mim do que para os outros?

Acordei assim, uma dúvida atrás da outra. Agora já consigo organizá-las. Falta muito, mas já é um começo.


É, preciso mais de mim do que imaginava...estou aproveitando.


quarta-feira, 9 de novembro de 2011


Essa música define muito bem os acontecimentos recentes. Até quando você vai ficar levando porrada?! Eu já levei porradas suficientes para acordar, e você? Esse é o hino da nossa batalha, voglio dire, da minha e de alguns.

Não adianta olhar pro céu
Com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
E muita greve, você pode, você deve, pode crer
Não adianta olhar pro chão
Virar a cara pra não ver
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus
Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!
Até quando você vai ficar usando rédea?!
Rindo da própria tragédia
Até quando você vai ficar usando rédea?!
Pobre, rico ou classe média
Até quando você vai levar cascudo mudo?
Muda, muda essa postura
Até quando você vai ficando mudo?
muda que o medo é um modo de fazer censura
Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!!)
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!!)
Até quando vai ser saco de pancada?
Você tenta ser feliz, não vê que é deprimente
O seu filho sem escola, seu velho tá sem dente
Cê tenta ser contente e não vê que é revoltante
Você tá sem emprego e a sua filha tá gestante
Você se faz de surdo, não vê que é absurdo
Você que é inocente foi preso em flagrante!
É tudo flagrante! É tudo flagrante!!
A polícia
Matou o estudante
Falou que era bandido
Chamou de traficante!
A justiça
Prendeu o pé-rapado
Soltou o deputado
E absolveu os PMs de Vigário!
A polícia só existe pra manter você na lei
Lei do silêncio, lei do mais fraco
Ou aceita ser um saco de pancada ou vai pro saco
A programação existe pra manter você na frente
Na frente da TV, que é pra te entreter
Que é pra você não ver que o programado é você!

Acordo, não tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar
O cara me pede o diploma, não tenho diploma, não pude estudar
E querem que eu seja educado, que eu ande arrumado, que eu saiba falar
Aquilo que o mundo me pede não é o que o mundo me dá
Consigo um emprego, começa o emprego, me mato de tanto ralar
Acordo bem cedo, não tenho sossego nem tempo pra raciocinar
Não peço arrego, mas onde que eu chego se eu fico no mesmo lugar?
Brinquedo que o filho me pede, não tenho dinheiro pra dar!
Escola! Esmola!
Favela, cadeia!
Sem terra, enterra!
Sem renda, se renda! Não! Não!!
Muda que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente
E quando a gente manda ninguém manda na gente!
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro!
Até quando você vai ficar levando porrada,
até quando vai ficar sem fazer nada?

Boa noite!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

A questão da dialética na Alegoria da Caverna de Platão

Platão parte do pressuposto que existem dois mundos: o sensível (que corresponde às emoções) e o inteligível (que corresponde à razão). Segundo o filósofo, o ser humano já vem ao mundo com o conhecimento adquirido no mundo inteligível - onde vivem as essências das coisas. Portanto, é através da dialética que nós despertamos esse conhecimento para sair da ignorância.

Todo o processo se dá através do diálogo, pois é necessária uma relação entre o sujeito e seu interlocutor, para que ambos possam realizar um trabalho de rememoração do conhecimento. A alma faz a conexão entre o mundo das ideias e o das emoções. Para Platão, a alma é divina, portanto, ela é produto do mundo das ideias e somente através dela o homem poderá atingir a verdade suprema. O corpo apresenta todas as características contrárias à alma, por ser produto do mundo das emoções, que para o filósofo é o mundo no qual vivemos. Platão trabalha com imagens analógicas na alegoria da caverna. O sol, por exemplo, representa a ideia do bem que iluminará a sabedoria. A verdade, por sua vez, é representada pela luz que clareia o objeto a ser conhecido.

E se o forçassem a olhar para a própria luz, não achas que os olhos lhe doeriam, que ele viraria as costas e voltaria para as coisas que pode olhar e que as consideraria verdadeiramente mais nítidas do que as coisas que lhe mostram?" (Platão)

O filósofo explicita em seus diálogos o papel da dialética, em forma de perguntas e respostas, delimitando, portanto, a diferença entre retórica e dialética: "dialético é aquele que apreende a essência de cada coisa. E aquele que não possui quanto menos for capaz de prestar contas dela a si mesmo ou aos outros, tanto menos terá o entendimento dessa coisa"¹. "Dialética está em consonância estreita a se integrar à ideia do Bem, enquanto a retórica, ao contrário, não tem compromisso com a ideia de justiça, de bem ou outros valores que são necessários para a formação do bom cidadão, e, quem pratica de forma abusiva ainda não se elevou ao verdadeiro conhecimento."²

Podemos afirmar que Platão foi o inventor da razão ocidental. Ele nos leva a concluir através deste mito, que a verdade não é invisível, ela é apenas visível para o espírito, ou seja, o mundo inteligível - das ideias. Ela se manifestará através da dialética, que ajudará a despertar esse conhecimento intrínseco acerca do mundo. A conquista da verdade e da razão dependerá do olhar crítico e rigoroso, buscando atingir o Supremo Bem e a essência das coisas.


¹PLATÃO, República, 534b.
² JAEGER, Paidéia. A formação do homem grego. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989, p.631.

________________________________


Quem quiser se aprofundar no mito da caverna, vale a pena, pois é uma excelente leitura. Parece que acende uma lâmpada na sua mente. Tem um filme maravilhoso que é uma analogia ao mito de Platão, chama-se "O Show de Truman", com Jim Carrey.


De repente bateu uma saudade da vida universitária...

sábado, 5 de novembro de 2011

Tic tac, tic tac, tic tac...

Nós vivemos tão regrados. Será que estamos fadados a viver baseados em regras? Fumei um cigarro sozinha e pensei até doer a cabeça: o tempo nos engole e nos deixamos ser engolidos. Isso é muito sinistro. Você tem hora para acordar, tem hora para chegar no trabalho, tem hora de almoço, hora para sair. Na escola é igual, hora para tudo. Se atrasar 2 minutos pode perder o ônibus. E não se dá conta.


Só vai perceber no fim do ano, quando chegam as festas, e diz "Nossa, esse ano passou voando". Mas o tempo não voa. Vivemos uma rotina pesarosa, não reparamos nas minúcias. O relógio mais parece uma bomba relógio, tic tac, tic tac, tic tac.


E os horários não são as únicas regras.


Tenho que trabalhar para [sobre]viver.


Tenho que me casar e ter uma família.


Tenho que estudar.


Nós impomos à nós essa maneira de viver. Nem sequer questionamos o porquê de tudo isso. Mas você pode até argumentar comigo: "se eu não trabalhar, vou morrer de fome, tenho casa para sustentar". E é exatamente isso que nos prende dentro do ciclo vicioso, cheio de angústia e de regras. Parece que existem placas enormes de neon, piscando na nossa mente:


Proibido questionar
Proibido fumar
Proibido chegar atrasado
Proibido ter tatuagem
Proibido beijar pessoas do mesmo sexo
Proibido...


Por isso Caetano é um gênio...é proibido proibir.


Quem estipulou esse modo de sobreviver? Por qual motivo temos que ser assim? Não sei quanto a você, mas isso me sufoca. Todos os minutos, horas, dias, semanas, meses, anos, tudo está minimamente calculado. Sinto como se fosse um número entre tantos outros infinitos. Agora minha cabeça está doendo muito.


Acho que escrevi outro dia num poema que "Dentro de mim faleço lentamente esperando o que não vem."


Esperando, proibindo, calculando os minutos...


Porquê?


A confusão do texto também está em mim.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Mídia imparcial? Como assim?

Antes de mais nada, gostaria de parafrasear meu querido professor de Linguística: não existe texto imparcial. Isso se deve ao fato de que até quando escrevemos, nossos ideais e nossa personalidade também se manifestam. Por isso é impossível fazer um texto imparcial. Tudo bem, agora deixando o discurso científico de lado, vamos à "vaca fria".


Esta semana fomos bombardeados com notícias que falavam da ocupação do prédio FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), na USP. Todos os meios de comunicação se prontificaram a fazer debates com sociólogos, psicólogos, professores, alunos, jornalistas e por aí vai. Devo admitir que andei lendo alguns blogs de pessoas que são a favor e contra a ocupação da PM no campus. Li diversas notícias e notei algo digno de ser compartilhado. Pode até parecer óbvio para algumas pessoas, mas ainda assim resolvi postar por aqui. Vejam as manchetes abaixo:


"Polícia e alunos da USP entram em confronto"


"Alunos da USP ferem policiais na cabeça com pedradas"


"Grupo protesta contra detenção de estudantes na USP"


São três manchetes de diferentes sites que informam o mesmo acontecimento. Mas é possível notar a parcialidade excessiva em uma das notícias, não é mesmo?


Quero chamar a sua atenção para a segunda manchete: "Alunos da USP ferem policiais na cabeça com pedradas". Ela foi publicada no site da Revista Veja, uma revista idônea e ultra-conservadora (este último fica por minha conta). Infelizmente a mídia continua manipulando DESCARADAMENTE a sociedade. Não é uma imparcialidade aceitável. É algo gritante, meio lavagem cerebral mesmo. Tanto é que - para aqueles mal informados - fica explícita a violência com que alunos da USP atacam os bandeirantes modernos. Ohh, reverência para a Polícia Militar, que aborda os cidadãos de uma maneira gentil, não é mesmo? Bom, acho que estou entrando no assunto polêmico da ocupação na USP. Voltemos a gritante parcialidade da respeitosa Revista Veja.


Gostaria de convidá-los à seguinte reflexão: O que a revista quis passar aos seus leitores quando publicou essa manchete? Existe algum motivo pelo qual ela transfere aos alunos toda a responsabilidade pela "baderna"?


Eu sou muito cética, desculpem-me. Às vezes chego a pensar que a elite brasileira está por trás dessas coisas. Sabem, aquelas famílias que possuem toda a riqueza de um país em suas mãos e acabam fazendo o povo de marionete?


Ah, mas não podemos perder a próxima edição da Veja! Com certeza estamparão a capa com os "terroristas uspianos", ou melhor, fefelechianos.


E para fechar com chave de ouro, ainda hoje li um comentário no blog do jornalista Reinaldo Azevedo (da Veja) http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/ que o FFLCH deveria ser fechado e assim não haveria mais cursos de "esquerda"! Que deveriam substituí-los por Engenharia, Tecnologia, Medicina e por aí vai. Esse sim deve ter um belo quadro do Mussolini na parede de casa. 


"Cadeia neles!", como dizem por aí.

sábado, 29 de outubro de 2011

Bruta flor do querer


Letra maravilhosa recheada de metáforas, antíteses e quereres. Fico arrepiada com a interpretação da Maria Bethânia.

"O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é em mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há, e do que não há em mim"



Ah, bruta flor do querer...

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Estou na contramão
Enquanto os carros passam
Em outra direção
Eu gosto assim
O que fazer?
Quando todos vão à praia
Eu vou para Campos do Jordão
Quando as mocinhas usam saia
Eu uso moletom
Enquanto as rádios tocam Adele
Eu ouço Rolling Stones
E gosto assim
O que fazer?
Enquanto todos acreditam
Eu fico no muro, beirando o não
E ai de quem disser que sou do contra!
Não sou do contra, 
Só sigo outra direção

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Realidade esquecida


De malas prontas
Sem roupa, sem nada
Caminham desordenados
Sem destino ou direção
Abutres acompanham essa sofreguidão
Palmas dos pés rachadas como o terreno
Carregam o peso nas costas
E um peso maior no coração
Cinco sóis dividem o céu
Inflamam os corpos extenuados
Não há espaço para palavras
Não há palavras nas mentes estagnadas
Só o cansaço envolvendo o sertão
Sahel brasileiro,
Por onde caminha esse povo guerreiro
Onde a vida é atroz, e é verão o ano inteiro
Ali não há infância, em seu lugar há desespero
Aridez covarde, escassez maldita
Aqui temos tudo e lá coisa alguma
Onde está o Deus que olha por este país?
Não vedes a odisséia desse povo infeliz?!
Dos retirantes do mundo novo
Que andam para resistir
Morrem secos, miseráveis
Sem uma gota de lágrima para poder chorar!
Meus versos não aguentam delatar esse desprezo
Eles perecem feito cambitos tão fatigados
De caminhar nessa terra estéril 
Findam-se pesarosos murmurando
Serra Leoa aqui também.

Libérrimo...


Muros, carros blindados, cerca elétrica
Seguro, arma de fogo e generais
Soldados armados caminham
Câmeras vigiam os sinais
Mi casa, mi casa,
Tu soledad no me importa
Vivo cercado por cercas farpadas
Mente intrigada e alma morta
Desconfio da minha sombra
Desconfio do meu filho
Mais câmeras, mais muros, mais cercas
Construirei um forte colossal
Até que a morte seja bem-vinda
Mi soledad no te importa
Meu espírito morto vive entre grades
Meu corpo dissimulado grita: sou livre!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Menino descalço


Menino de pés descalços
Calça sua dignidade e vai para o samba
Arrasta a miséria com sua força
Menino levado corre pelos morros
Posso ver suas costelas
Posso ver sua angústia
Menino moreno, de trapos gastos
Sua alma carrega cem anos de vida
Seu corpo franzino tem apenas dez
Menino que brinca nos córregos
Criança levada, de sonhos roubados
O papagaio é o seu melhor amigo
Você o inveja, não é mesmo, menino?
Ele voa livre e te diverte ironicamente
Ai, menino, nascido das mazelas
Seus dias são favelas
Seu futuro mete medo
Sobe na laje e vê o horizonte
Do alto do morro enxerga o mar
Deseja o mar, sua imensidão
De estômago oco com os pés do chão
Sorri vergonhoso dos trapos que veste
Levanta as mãos para os céus e grita:
“Tem alguém aí?”, tristonho suplica
“Porque aqui já se esqueceram de mim”
Rasga o papagaio, rasga as vestes, rasga os sonhos
Desce correndo as escadas do musseque
Se lança no mundo como homem já feito
Menino produto da indiferença
Seus dias são favelas
Seu futuro é descrença

Procura-se

Reencontro, reencontro, reencontro, reencontro. Gotas de suor escorrem dos meus devaneios. Esforço-me inutilmente - será? Sabor de dúvida na boca do peito. Sabor de surpresa na boca do coração. Reencontro a mim e a ti na imensa multidão. Quem és tu, cara pálida? Quem és...tu?


Sem mais.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sou comunista sim, e daí?


Trabalhadores do mundo, uni-vos!

Eu modificaria essa famosa frase, com a qual Marx & Engels concluem o belíssimo Manifesto Comunista para: "Excluídos do mundo, uni-vos!" ou seria "Jovens do mundo, uni-vos!"?, também tinha pensado em "Pobres do mundo, uni-vos!". Acho que estou indo muito longe, continuemos com a frase original.

Para começar bem a semana, me indicaram um post do blog do Tico Santa Cruz, no qual ele defende as marchas contra a corrupção e contra qualquer tipo de abuso do governo. Fiquei impressionada, pois não sabia da existência desse Tico politicamente ativo, lutando a favor das causas mais nobres. Ele não se posiciona em direita ou esquerda, afirma que a luta é do povo e não do espectro político. De fato, quando vamos às ruas não queremos saber quem é de esquerda, quem é de direita, quem é centro-direita-meio-ponta-esquerda. Estamos unidos por um problema comum a todos os brasileiros: corrupção. E vou além. Estamos unidos por uma problema comum aos povos do mundo inteiro: o abuso do capital. Chegamos a seguinte conclusão - sem dramas, por favor - o capitalismo não é a saída. Pode ter sido glorioso por alguns anos. Pode ser interessante e essencial para muitas pessoas, mas olhem ao redor. Não precisa ir muito longe, quero dizer, não precisa ver fotos dos países na África. Pode olhar no sertão do nordeste, nas favelas que contrastam com mansões milionárias no Morumbi, em SP. Basta abrir os olhos e enxergar que dessa maneira não dá mais. Enquanto poucos ganham, MUITOS, mas MUITOS mesmo perdem a cada minuto. Essa é a lei do capital: para que alguns fiquem ricos, muitos devem ficar pobres.

Mas será que estamos atolados até a cabeça nessa história? Será que não existe uma forma de mudar essa realidade? Claro que existe! Afinal, do que adiantaria eu escrever esse texto se não houvesse uma saída (leia-se salvação)? Não sou contra o capital. Sou contra o lucro abusivo. Sou contra transformar relações interpessoais em dinheiro (como já havia escrito Marx). É exatamente isso que o sistema capitalista tem feito com os excluídos. Enquanto alguns desfrutam de uma mansão com piscina, vinhos caros, roupas de marca, carros importados, muitos morrem de fome. Mas existem aqueles que rebatem: "eu tenho direito, trabalhei para isso!" Com certeza! A culpa não é sua, meu caro. A culpa é de um sistema que privilegia poucos. Se você tem todas essas regalias é porque não foi excluído pelo capital. Você teve oportunidades que muitos nem sequer sonham em ter. Você não teve que trabalhar na infância para ajudar os pais. Você teve a oportunidade de frequentar uma escola que te ensinou a ser cidadão. Você tem dinheiro para pagar uma boa universidade. Você é um dos poucos escolhidos. E para que esse quadro mude, você que foi escolhido precisa reconhecer que existe uma INJUSTIÇA e que o mundo clama pela sua ajuda.

Dia 15 de outubro de 2011. Pessoas ao redor do mundo foram às ruas pedir MUDANÇA. Unidos por um ideal - que muitos ousam chamar de utopia - e sedentos por justiça. No meio desses manifestantes havia alguns da massa privilegiada. Da massa que não sofre por não ter dinheiro. Mas estavam lá, lutando pelos que não tem forças para lutar. Como diz a música da Banda Mais Bonita da Cidade: "Eu vou tentar mais uma vez, por quem não pode mais tentar". Isso vale muito mais que ser de direita ou esquerda.

O povo está cansando desse sistema que escolhe poucos. E são os próprios escolhidos que se misturam com os excluídos para gritar: QUEREMOS MUDANÇA! Talvez seja isso que Marx idealizava. Foi por isso que Che lutou. É por isso que muitos revolucionários morreram. Pela união dos povos, pela COMUNHÃO das nações, sem fronteiras separando-as. Pela DESCATRACALIZAÇÃO do mundo. Estão todos juntos por uma "utopia" e, se ser comunista significa dizer que sou a favor dessa comunhão global, então sim meus caros, sou comunista!

E você?

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Da solução.


Sinto que estou dissolvendo e consigo ver meus restos formando um corpo de fundo. O excedente de mim destoa da homogeneidade que sou, e assim, explodo em antíteses.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Mãe d'água

Canta Iara, canta
Encanta e hipnotiza
Fascina os olhos dos fracos
Maltrata, destrata, mata
Navega nos corações levianos
Faz tua presa sonhar
Canta e encanta
Com teus seios aprumados
De bicos aveludados
Vai à caça dos perdidos
Canta Iara, canta
Esfíngica beleza
Envolve tua presa
Magnetiza a razão dos mortais
Canta, encanta, canta
Aproxima-se sorrateiramente
Não hesite bela serpente
Quero abrigar-me em tuas águas termais

domingo, 9 de outubro de 2011

12/10/11





Neste feriado de quarta-feira venha marchar contra a corrupção. Sempre vejo o pessoal reclamando no facebook, postando notícias sobre políticos corruptos e mostrando sua indignação. Então está na hora de mostrarmos a esses safados que estamos unidos na luta contra eles.


"A gente muda o mundo com a mudança da mente"


Dia 12/10 às 14hrs em frente ao MASP (São Paulo)


Traga cartazes e faixas e esteja pronto para gritar por um Brasil sem corrupção!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011



Há dias que rejuvenesço. Depois, cansada de ser assim, encho-me de prazeres mundanos. Se fico enjoada de mim vou minguando lentamente, deixando transparecer na superfície da minha existência as crateras que as dúvidas causaram. Por fim, resta-me apenas um pensamento inflexível no seu estado mais líquido: o núcleo do meu satélite natural.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Desabafo

Às vezes eu me pego pensando coisas do tipo: do que nos adiantou a revolução industrial, a chegada da tecnologia e a globalização pós-guerra fria? Parece que com o passar dos anos as pessoas estão ficando mais individualistas. As relações interpessoais baseiam-se na recompensa. Os bens materiais são mais importantes do que os ideais.

Esta semana acompanhamos mais um caso de agressão a homossexuais. É exatamente disso que estou falando. O respeito. Os argumentos de pessoas que praticam tais absurdos são embasados no egoísmo, no achar que o diferente deve ser banido. Podemos comparar esses atos com o genocídio realizado pela Inquisição na Idade Média. Os homossexuais são vistos como os hereges do século XXI.

As manifestações em favor de uma política que inclua as minorias são atacadas por cidadãos que dizem defender a liberdade de expressão. Contudo, eles não sabem discernir liberdade de libertinagem. Na década do grande clichê "POLITICAMENTE CORRETO", ser educado, proteger o meio ambiente e discursar a favor das minorias excluídas, tornaram-se características de uma pessoa chata. São os ecochatos, os falsos moralistas, e por aí vai. Defender uma ideologia e lutar por uma sociedade igualitária tornou-se motivo de chacota nesse mundo extremamente egoísta.

Muitos pensam assim: se dentro da minha casa eu tenho água, comida, equipamentos eletrônicos, dinheiro, proteção e conforto, não me interessa saber o que ocorre fora dessa bolha. O meu mundo é o necessário para que eu seja feliz. O mundo dos outros não é meu, e talvez eles mereçam o mundo que tem. Também não posso ser hipócrita e falar que nunca pensei isso. O problema não é ter esse pensamento uma vez na vida. O grande problema é levá-lo durante a vida inteira e agredir os outros por não pensarem assim. Não concordar com os homossexuais também não é o problema. A grande questão é saber conviver harmoniosamente com as diferenças, sejam elas do nosso agrado ou não.

Apesar de todo o avanço tecnológico, estamos regredindo mentalmente para uma época na qual  pensar diferente era um crime contra Deus, e portanto, somente a morte purificaria as almas dos hereges. Os inquisidores do século XXI usam máscaras para sair nas ruas agredindo o que acham imoral. Mas na realidade, são jovens invejosos que gostariam de ter a coragem de assumir o que realmente são.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Desistir? Jamais...


Extorsão
ICMS, IPI, IPTU, IPVA
Enganação
ISS, INSS, IPI, ITBI
Prevaricação
IE, II, IR, IOF
Degeneração
Muitos morrem
Vivem mortos
Morrem vivos
Miseráveis
Onde está a nação?
Onde está a nação?
O som do capital
O bolso rico do animal
Dízimas periódicas
Dízimos diabólicos
Dizei-me então,
Cidadão
Revolução ou corrupção?

sábado, 1 de outubro de 2011

Belo monstro





Belo monstro
Abaité que povoa a nação
Das palmeiras e dos rios
Abundantes, contradizes
A nossa terra produzindo rios de mágoas
Que seres humanos são esses?
Que de humanos não entendem
Seres que não sabem ser
Amigos da natureza
Mostrai a eles, Monã
Toda sua força divina
Exterminai os espíritos malignos
Que nos perseguem e nos escravizam
Desde quando descobriram a terra do pau-brasil
Que monstros boçais!
Andira nos anunciou
Esse agouro chegaria aqui
E nada mais deixaria para nós
Nem para eles
Belo monstro
Dizei-me tu porque és tão cruel?
Explica-me essa usura
Qual a finalidade da ambição
Se um dia irás, assim como eu
Sentir o calor da terra?
Ai, belo monstro
Que de beleza nada tens
E de monstro és ainda menino
Belo monstro, monstro belo
Ser humano desumano
Meu chorar é tão singelo
Estamos caminhando para o fim
Monstro belo
Vejo o monte de monstros
Vês o monte de belos


Muitos acreditam no sucesso da usina de Belo Monte, eu não.