terça-feira, 8 de novembro de 2011

A questão da dialética na Alegoria da Caverna de Platão

Platão parte do pressuposto que existem dois mundos: o sensível (que corresponde às emoções) e o inteligível (que corresponde à razão). Segundo o filósofo, o ser humano já vem ao mundo com o conhecimento adquirido no mundo inteligível - onde vivem as essências das coisas. Portanto, é através da dialética que nós despertamos esse conhecimento para sair da ignorância.

Todo o processo se dá através do diálogo, pois é necessária uma relação entre o sujeito e seu interlocutor, para que ambos possam realizar um trabalho de rememoração do conhecimento. A alma faz a conexão entre o mundo das ideias e o das emoções. Para Platão, a alma é divina, portanto, ela é produto do mundo das ideias e somente através dela o homem poderá atingir a verdade suprema. O corpo apresenta todas as características contrárias à alma, por ser produto do mundo das emoções, que para o filósofo é o mundo no qual vivemos. Platão trabalha com imagens analógicas na alegoria da caverna. O sol, por exemplo, representa a ideia do bem que iluminará a sabedoria. A verdade, por sua vez, é representada pela luz que clareia o objeto a ser conhecido.

E se o forçassem a olhar para a própria luz, não achas que os olhos lhe doeriam, que ele viraria as costas e voltaria para as coisas que pode olhar e que as consideraria verdadeiramente mais nítidas do que as coisas que lhe mostram?" (Platão)

O filósofo explicita em seus diálogos o papel da dialética, em forma de perguntas e respostas, delimitando, portanto, a diferença entre retórica e dialética: "dialético é aquele que apreende a essência de cada coisa. E aquele que não possui quanto menos for capaz de prestar contas dela a si mesmo ou aos outros, tanto menos terá o entendimento dessa coisa"¹. "Dialética está em consonância estreita a se integrar à ideia do Bem, enquanto a retórica, ao contrário, não tem compromisso com a ideia de justiça, de bem ou outros valores que são necessários para a formação do bom cidadão, e, quem pratica de forma abusiva ainda não se elevou ao verdadeiro conhecimento."²

Podemos afirmar que Platão foi o inventor da razão ocidental. Ele nos leva a concluir através deste mito, que a verdade não é invisível, ela é apenas visível para o espírito, ou seja, o mundo inteligível - das ideias. Ela se manifestará através da dialética, que ajudará a despertar esse conhecimento intrínseco acerca do mundo. A conquista da verdade e da razão dependerá do olhar crítico e rigoroso, buscando atingir o Supremo Bem e a essência das coisas.


¹PLATÃO, República, 534b.
² JAEGER, Paidéia. A formação do homem grego. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989, p.631.

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Quem quiser se aprofundar no mito da caverna, vale a pena, pois é uma excelente leitura. Parece que acende uma lâmpada na sua mente. Tem um filme maravilhoso que é uma analogia ao mito de Platão, chama-se "O Show de Truman", com Jim Carrey.


De repente bateu uma saudade da vida universitária...

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