sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Eu nunca guardei rebanhos, 
Mas é como se os guardasse. 
Minha alma é como um pastor, 
Conhece o vento e o sol 
E anda pela mão das Estações  
A seguir e a olhar. 
Toda a paz da Natureza sem gente  
Vem sentar-se a meu lado. 
Mas eu fico triste como um pôr de sol  
Para a nossa imaginação, 
Quando esfria no fundo da planície  
E se sente a noite entrada 
Como uma borboleta pela janela. 

Mas a minha tristeza é sossego 
Porque é natural e justa 
E é o que deve estar na alma 
Quando já pensa que existe 
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso. 

Como um ruído de chocalhos 
Para além da curva da estrada, 
Os meus pensamentos são contentes. 
Só tenho pena de saber que eles são contentes, 
Porque, se o não soubesse, 
Em vez de serem contentes e tristes,  
Seriam alegres e contentes. 

Pensar incomoda como andar à chuva 
Quando o vento cresce e parece que chove mais. 

Não tenho ambições nem desejos  
Ser poeta não é uma ambição minha  
É a minha maneira de estar sozinho. 

E se desejo às vezes 
Por imaginar, ser cordeirinho  
(Ou ser o rebanho todo 
Para andar espalhado por toda a encosta 
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo), 

É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol, 
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz 
E corre um silêncio pela erva fora. 

Quando me sento a escrever versos 
Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos, 
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento, 
Sinto um cajado nas mãos 
E vejo um recorte de mim 
No cimo dum outeiro, 
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas idéias, 
Ou olhando para as minhas idéias e vendo o meu rebanho, 
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz 
E quer fingir que compreende. 

Saúdo todos os que me lerem, 
Tirando-lhes o chapéu largo 
Quando me vêem à minha porta 
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro. 
Saúdo-os e desejo-lhes sol, 
E chuva, quando a chuva é precisa, 
E que as suas casas tenham 
Ao pé duma janela aberta 
Uma cadeira predileta 
Onde se sentem, lendo os meus versos. 
E ao lerem os meus versos pensem 
Que sou qualquer cousa natural — 
Por exemplo, a árvore antiga 
À sombra da qual quando crianças 
Se sentavam com um baque, cansados de brincar, 
E limpavam o suor da testa quente 
Com a manga do bibe riscado.


(Alberto Caeiro - heterônimo de Fernando Pessoa)

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

As sombras são...



Sua sombra, minha sombra
Sua presença me assombra
Luta o corpo com a sombra
Ela resiste, e me assombra.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

E viveram felizes para sempre...



Desde a infância somos levados a sonhar com príncipes perfeitos e cavaleiros que salvam a princesa de todos os perigos. Livros e desenhos romantizados retratam uma história afastada da realidade. Qual garota não sonhou com esse estereótipo de homem? E qual o rapaz que nunca sonhou em ter uma mulher com corpo violão jogada aos seus pés?

Mas conforme crescemos, percebemos o quanto fomos ludibriados com essa história de perfeição. Contudo, a realidade não é assim tão dura como muitos pensam. Analisemos da seguinte maneira: sonhamos com a pessoa perfeita, a metade da laranja e quando encontramos um parceiro (a) assim, romântico, cavalheiro etc, enjoamos!

E como explicar essa contrariedade? Bom, podemos partir do pressuposto que o que somos hoje não fomos ontem e não seremos amanhã. Confuso? Não, é muito simples. O filósofo Heráclito afirmava: "Não se coloca o pé no mesmo rio duas vezes" e Mário Quintana retomou esse pensamento dizendo que nem o rio nem o pé serão os mesmos na segunda vez. De fato, estamos em constante mudança. Tudo muda. As células morrem e nascem outras, nosso pensamento evolui, nossos gostos mudam e nossas prioridades também.

Não há quem consiga acompanhar tal mudança, muito menos se encaixar perfeitamente nessa "Metamorfose Ambulante", como cantava o grande Raul. Por isso penso que seja uma grande perda de tempo buscar algo que nos complete. Diga-me, caro leitor, diante de tantas mudanças seria possível alguém se encaixar em outro alguém como quebra-cabeça? Perdoe minha falta de romantismo, mas a resposta é não.

Crescemos acreditando que existe um modelo de relacionamento, um modelo de beleza e por aí vai. São paradigmas que podem ser quebrados se analisarmos a situação por um viés racional.

Esse negócio de metade da laranja, almas gêmeas e príncipe encantado não existe. São contos de fadas disseminados pelos românticos a fim de desviar nossos olhos da realidade. O grande desafio da vida é completar a si mesmo, o resto é resto.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011


Garimpeiro se instalou
Sem perguntar, viajante forasteiro
Não mede forças, impõe.
Jeito europeu, estrangeiro

Lançam flechas, inimigos
Matam, ferem, desmatam
Sem piedade da terra
Viajantes em guerra

São seus filhos, urihi
Não nos deixe, nos ame
São seus filhos urihi
Seus irmãos Ianomâmis

domingo, 25 de setembro de 2011

Dissonância





Pensamentos dissonantes
Vagam pela imensidão
Viajam através do vácuo infinito
Distorcem o real
Confundem o que vejo
Tamanha verossimilhança
Não sei mais o que
É concreto ou abstrato
Nem com o tato, olfato
Dissonantes pensamentos
Vem e vão
Como ventos.

Desassossego

Desassossego
Desassossega meu ser
Cega minhas emoções
Sem sossego, sigo
Desatando os nós
Desespero sem espera
Desmontando a razão

des
pe
da
ça
da

fui.

sábado, 24 de setembro de 2011

Tédio
Sem som
Tédio
Monotonia
Ouço o chiado do vento
Sussurrando silenciosamente
Entre o vão da janela
Chamando-me
Chamando-me
Chamando-me
Não vou
Tédio
Monotonia
Shhhhh.


sexta-feira, 23 de setembro de 2011





Não sei o que ocorre, mas já não caibo dentro de mim. Sabe quando você come muito e quando tenta vestir uma calça jeans ela simplesmente não fecha? Eu não consigo fazer com que os meus dois lados se encontrem para que eu possa me fechar. É tão louco. Só que não se trata de comida. São diversas coisas acumuladas que precisam transbordar. E quando me dou conta, ganhei horas pensando nisso, acumulo mais sensações e de repente BOOM! Minhas entranhas ficam expostas, desprotegidas...é tão...sinistro.

Meu sonho e a caverna de Platão



Hoje sonhei com uma festa. Era uma mansão cercada por árvores adultas e floríferas. Os convidados estavam sentados na parte exterior, onde tocava uma música ambiente equanto os garçons desfilavam como bailarinas russas ao som da Valsa das Flores. As mesas redondas tinham muito das baianas, se olhadas de cima. Jornalistas famosos jantavam lagostas gigantes e bebiam vinho de ouro. Atores, empresários, toda a elite estava lá. Eu também estava. Rostos desconhecidos encaravam-me com um ar de desprezo. Afinal, o que eu tinha para ser apreciado? Uma velha calça jeans e um tênis com as marcas do tempo? Nada disso lhes interessava. Gucci, Prada, Chanel, era só isso que eles admiravam. As mulheres estavam vestidas para a morte, maquiadas, perfumadas...é, de fato a monotonia se assemelhava a um funeral.


Do lado de fora da festa ficavam os animais. Gritavam, sofriam e latiam desesperadamente por um pão. Não queriam a lagosta gigante nem o vinho de ouro. "Somente um pão!", suplicavam. Enquanto caminhava vagarosamente entre os espectros profanos, pensava: "Malditos sejam vocês!"
Os excluídos permaneciam na porta da cozinha esperando a esmola. Foi quando um homem negro e parrudo abriu a porta e começou a jogar os lixos com os restos do banquete. Parecia uma chuva de entranhas e os pequenos disputavam cada pedaço, rasgavam os lixos e se deliciavam. Então o mesmo homem que havia jogado os restos retornou e disse:

- Andai-vos vermes putrefatos! Já lhes dei de comer, agora andai-vos para o lugar ao qual vocês pertencem, aqui já não é mais o vosso lar!

Dito isso os vermes rastejaram para suas cavernas e ali permaneceram em silêncio.

Voltei para o umbigo da festa e notei que tudo havia mudado. Lá estavam negros, índios e favelados, sorrindo e festejando. Nordestinos do sertão comiam, bebiam e dividiam a lagosta com alguns escravos. Era a revolução! Finalmente a revolução! Sentei-me na cadeira junto a um velho senhor de calças rasgadas, contei-lhe a surpresa que tive e disse-lhe que aquilo só podia ser um sonho. Ele sorriu, olhou-me carinhosamente e disse-me:
- Talvez seja um sonho, talvez seja teu sonho. Talvez seja um desejo tão forte, talvez seja loucura mesmo. O que posso dizer, minha cara? Os que aqui estavam antes de chegarmos não quiseram dividir sua boa comida conosco durante séculos. Eles não querem acreditar no que veem, portanto ficam escondidos na caverna de Platão. Nós compartilhamos o nosso banquete da mesma forma que eles compartilhavam o deles. Migalhas...Acho que agora é melhor eu dormir um pouco, estou cansado.

Ele fechou os olhos e eu abri os meus.
Se foi um sonho, um aviso, uma esperança, não sei. Mas as palavras daquele velho continuam apertando meu coração.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011


Fico sem palavras quando se trata de uma entidade como Bethânia. Ainda mais declamando o belíssimo poema de Castro Alves (O Navio Negreiro). Dá pra sentir a angústia dos escravos que eram transportados nos porões dos navios. E após toda essa angústia ela canta a música de Caetano Veloso, Um Índio. E então, surge a esperança de que o povo oprimido surgirá como uma estrela colorida e brilhante. Devo dizer que essa foi a inspiração para o meu poema "Negra pele como a noite".

Sem mais, meus caros. Sem mais.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Musas Inspiradoras


Mulher,

Não há perfeições tão divinas
Como tu e a natureza
Que tem traços femininos
Visíveis na flor mais bela
E personalidade corpulenta
Explícita nos relâmpagos

Mulher,

Sabor afável como o mel
Irascível diante dos absurdos da vida
Linha tênue que divide amor e ódio
Misteriosa como a criação
Serpente melindrosa
Obsequiosa e inolvidável

Mulher,

Tua voz excitou os grandes gênios
Tchaikovsky, Vivaldi, Mozart
Então guarda esse mundo inexorável
No teu útero aquecido
Envolve-nos maternalmente na tua doce brisa
E todos os pobres Adãos cairão aos teus pés

Mulher,
Esplêndida Eva, Vênus, Mona Lisa.

terça-feira, 20 de setembro de 2011


Do alto da pedra
Vê-se o rouxinol
Refúgio de estrelas
Morada do sol
Do alto da pedra
Amor no lençol

Do alto da pedra
Vertigem da alma
Sonífero vento
Beleza que acalma
Do alto da pedra
A flora e a fauna

Do alto da pedra
Das Minas Gerais
No topo do mundo
Encontra-se a paz
Do alto da pedra
Que me satisfaz

Do alto da pedra
Cidade gentil
Pessoas andantes
Olhos do Brasil
Do alto da pedra
O céu tão anil

Do alto da pedra
Nirvana profundo
Poeta das letras
Momento fecundo
Do alto da pedra
No topo do mundo

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

E assim me insatisfaço de mim...



Estou longe de ser o que pensam que sou,

se o que pensam que sou, eu nem quero saber,
há um abismo profundo entre mim e o que sou,
estou longe de ser o que eu quero ser.

Se o espelho reflete o que sei e o que sou,
deformada é a imagem que eu posso ver,
há um abismo profundo entre mim e o que sou,
e o espelho reflete o que não quero ser.

Estou longe do ser que o espelho mostrou,
se não sei e não sou o que eu quero ser,
como posso querer compreender o que sou,
se o que sou e o que sei é demais para entender?

sábado, 17 de setembro de 2011

Da Alexandria para o mundo

O filme "Alexandria" tem como pano de fundo as guerras entre cristãos, pagãos e judeus que ocorriam durante o domínio do Império Romano em Alexandria, no Egito. O eterno conflito entre ciência e religião fica explícito numa época em que o Cristianismo estava em ascensão e todos aqueles que não acreditavam na palavra de Deus eram hereges, portanto mereciam a morte. Não quero entrar em minúcias, mas o que realmente chamou minha atenção foi que durante todo o filme apenas uma mulher é apresentada: a filósofa Hipátia. E é justamente dela que eu quero falar.

Hipátia ensinava filosofia, matemática e astronomia na Escola de Alexandria, junto à biblioteca. Uma fêmea intrigante e inteligente, que viveu tentando compreender o fenômeno da rotação do globo terrestre. Ela resgatou a ideia de Aristarco, afirmando que a Terra não era o centro do universo (modelo heliocêntrico). Hipátia viveu buscando respostas para a existência humana e não conseguia entender a origem de tanta raiva entre os homens. Defensora do antropocentrismo sua crença era apenas uma: filosofia. O amor pelo saber. Alguns estudiosos afirmam que a morte de Hipátia de Alexandria foi um dos primeiros casos de perseguição pelos cristãos.



Num dado momento do filme, ela diz uma frase que me fez sentir a verdadeira "katharsis": "Se você não questiona o que você acredita, então você não acredita."

E é justamente esse tipo de exercício que nos move além dos limites. Quebramos paradigmas quando questionamos as verdades que nos transmitem desde a infância e a partir daí construímos nossas próprias verdades. Hipátia, para mim, simboliza a força feminina diante das desigualdades existentes e a descoberta de um ser interior que precisa ser saciado diariamente. 



Amor ao saber é sinônimo de  amor ao ser. Se não nos apaixonamos por esse mistério que nos cerca, não estamos apaixonados por nós mesmos e viver sem questionar a própria existência pode nos levar à descoberta tardia de que vida é apenas um caminho monótono, sem respostas e sem lógica. E isso é "de doer".

Negra pele como a noite


Negra pele como a noite
Oh, fortes braços que aceitaram
Sem querer sofrer, sem entender
Desde o início essa perseguição
Essa desumanização, essa dor de não ser.
E ser uma imensidão azul, invejada.
Muitos procuraram a liberdade, revoltosos, com ajuda de Allah
São os heróis da nação, oxalá, oxalá!
Levanta e ocupa o seu lugar
Sua pele há de ser coroada
Seu grito será ouvido
Povo guerreiro quebre as correntes!
Siga rumo a liberdade, oxalá!
E não tenhas vergonha de ti, sinta orgulho.
Leva no peito essa marca de quem um dia lutou
Leva contigo essa fama, irmão de Luís Gama.
Canta a tua glória para o Ocidente,
Mostra a vitória dos que aqui viveram e morreram.
Dos revoltosos, dos fiéis, das tribos
O grito de Palmares será ouvido
Pelas nações que emprestaram suas bandeiras
Para cobrir as barbáries e os rios de sangue.
E as mortes, as vidas perdidas na viagem
No Atlântico, no porão, na solidão
Povo de gana levanta e ocupa o seu lugar!
Ovacionados pela multidão que clama
Ajoelhados ficarão aqueles que da brancura descendem
E pedirão perdão pelos passados cruéis
E assim será coroada a sua rainha, a sua nação.
Sem fome, sem guerra, sem escravidão.
Oh Pátria amada e idolatrada, esquecida por tolos
Berço da nossa origem, um dia será coroada
Com pedras de diamante do seu chão
Não mais de fome morrerão
Filhos da África esquecida, desolada.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Ah! como eu queria

Quisera eu perder todo o tempo
aqui contigo, derrubando minh’alma
no seu corpo alvo e estático
desesperado pela chuva de palavras

Quisera eu viver essa vida,
debruçada nos mistérios do mundo,
descobrindo os segredos mais profundos
que minha essência insiste em esconder

Quisera eu lançar-me do penhasco,
sentir o vento bagunçar-me os cabelos
deliciosamente, e quem sabe assim eu encontre
o que sempre estive a procurar

Quisera eu escrever eternamente
de modo a suprir essa ausência
de compreensão, que me preenche
de angústia e desespero...

...dentro de mim faleço lentamente
esperando o que não vem.

da saudade...


Definição encontrada no dicionário da língua portuguesa: "Lembrança nostálgica e, ao mesmo tempo, suave, de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhado do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las."

É a palavra mais utilizada nos poemas escritos em língua portuguesa. O povo brasileiro herdou o saudosismo dos portugueses. Vale lembrar que na época das grandes navegações, Portugal era um um Império mercantil. E foram, de fato, os anos de glória lusitana quando a "terrinha" desbravava mares até então desconhecidos, temidos e buscava riquezas escondidas por toda parte do globo terrestre. Isso rendeu aos portugueses um sentimento nostálgico dessa época de ouro. A saudade é uma nostalgia suavizada. Não é em vão que essa é uma palavra exclusiva da língua portuguesa (e do galego). Pesquise em todos os dicionários de todas as outras línguas! Não existe definição para esse sentimento e permita-me parafrasear Clarice Lispector: é uma vontade imensa de comer a presença da pessoa.

"Eu amo tudo o que foi
Tudo o que já não é
A dor que já não me dói
A antiga e errônea fé
O ontem que a dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia."

(Fernando Pessoa)

E os dias que se foram deixam rastros em nós.

Do que você sente saudade?

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Da concha mais bela, a mais bela viera
da espuma uranizada, do grande azul
floresceu a rosa sensível, de beleza única
a deusa afrodisíaca, do amor ao avesso
de pele branda e boca envolvente,
ardilosamente deitava-se nos braços divinos
amava heróis e meninos, hipnotizando-os silenciosamente.
Ventre erotizado de paixão carnal
guardada no íntimo feminino
de lá fez morada e vive à espreita
e quando vem à tona, é como a espuma que a fez nascer.
Assim revela-se Afrodite em toda mulher
Persuadindo o corpo a entregar-se ao prazer.
Olhos eloquentes, atraindo, traindo
movem-se graciosamente
feito ondas deslizando na areia
apaixonadamente...feminina.

O Catarse

A ideia do catarse surgiu em um momento de desencontro entre mim e minhas vontades. Aqui poderei libertar-me através das palavras, e talvez servirá de ajuda para que nós (eu e as vontades) nos entendamos de uma vez por todas. Se você às vezes – ou sempre – se sente perdido, confuso, sente-se, acomode-se e tome uma dose de catarse conosco.

A partir de hoje esse blog será referido como “o catarse” e explico: não é uma tentativa de superlativação, afinal, esse não é o blog entre os blogs. Para mim ele é o catarse – o amigo catarse da adesso in poi.

Devo adverti-los que adoro a sonoridade da oralidade na escrita. Portanto, se alguém quiser caçar erros gramaticais, venha! Contudo, lembre-se que aqui a voz do coração tem um timbre mais forte que a da razão, e que aquela desconhece as regras e leis que esta insiste em lembrar.

Vocês notarão que alguns (muitos) poemas estão sem título, pois quando se trata de intitular meus devaneios, simples-puramente...me perco.

Era uma rosa
Pétala por pétala
Aveludada, misteriosa
Transformava-se.
Era uma rosa
de cravos lânguidos
Não queria mais ser
rosa desconfigurada.
Não pertencia, lacônica afirmava.
Despedaçou-se, enfim.
Não era mais rosa, não era mais.
Não quero mais a rosa em mim.
Não era mais...a rosa.