terça-feira, 25 de outubro de 2011

Realidade esquecida


De malas prontas
Sem roupa, sem nada
Caminham desordenados
Sem destino ou direção
Abutres acompanham essa sofreguidão
Palmas dos pés rachadas como o terreno
Carregam o peso nas costas
E um peso maior no coração
Cinco sóis dividem o céu
Inflamam os corpos extenuados
Não há espaço para palavras
Não há palavras nas mentes estagnadas
Só o cansaço envolvendo o sertão
Sahel brasileiro,
Por onde caminha esse povo guerreiro
Onde a vida é atroz, e é verão o ano inteiro
Ali não há infância, em seu lugar há desespero
Aridez covarde, escassez maldita
Aqui temos tudo e lá coisa alguma
Onde está o Deus que olha por este país?
Não vedes a odisséia desse povo infeliz?!
Dos retirantes do mundo novo
Que andam para resistir
Morrem secos, miseráveis
Sem uma gota de lágrima para poder chorar!
Meus versos não aguentam delatar esse desprezo
Eles perecem feito cambitos tão fatigados
De caminhar nessa terra estéril 
Findam-se pesarosos murmurando
Serra Leoa aqui também.

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