sábado, 17 de setembro de 2011

Da Alexandria para o mundo

O filme "Alexandria" tem como pano de fundo as guerras entre cristãos, pagãos e judeus que ocorriam durante o domínio do Império Romano em Alexandria, no Egito. O eterno conflito entre ciência e religião fica explícito numa época em que o Cristianismo estava em ascensão e todos aqueles que não acreditavam na palavra de Deus eram hereges, portanto mereciam a morte. Não quero entrar em minúcias, mas o que realmente chamou minha atenção foi que durante todo o filme apenas uma mulher é apresentada: a filósofa Hipátia. E é justamente dela que eu quero falar.

Hipátia ensinava filosofia, matemática e astronomia na Escola de Alexandria, junto à biblioteca. Uma fêmea intrigante e inteligente, que viveu tentando compreender o fenômeno da rotação do globo terrestre. Ela resgatou a ideia de Aristarco, afirmando que a Terra não era o centro do universo (modelo heliocêntrico). Hipátia viveu buscando respostas para a existência humana e não conseguia entender a origem de tanta raiva entre os homens. Defensora do antropocentrismo sua crença era apenas uma: filosofia. O amor pelo saber. Alguns estudiosos afirmam que a morte de Hipátia de Alexandria foi um dos primeiros casos de perseguição pelos cristãos.



Num dado momento do filme, ela diz uma frase que me fez sentir a verdadeira "katharsis": "Se você não questiona o que você acredita, então você não acredita."

E é justamente esse tipo de exercício que nos move além dos limites. Quebramos paradigmas quando questionamos as verdades que nos transmitem desde a infância e a partir daí construímos nossas próprias verdades. Hipátia, para mim, simboliza a força feminina diante das desigualdades existentes e a descoberta de um ser interior que precisa ser saciado diariamente. 



Amor ao saber é sinônimo de  amor ao ser. Se não nos apaixonamos por esse mistério que nos cerca, não estamos apaixonados por nós mesmos e viver sem questionar a própria existência pode nos levar à descoberta tardia de que vida é apenas um caminho monótono, sem respostas e sem lógica. E isso é "de doer".

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