segunda-feira, 23 de abril de 2012

do poder transformador da literatura.




Não entendo porquê ainda existem tantas religiões que brigam entre si para "provar" que o seu deus é o mais verdadeiro. Baseados em quê? Simplesmente na fé?
Utilizando a crítica de Marx e apoiando-me em alguns conceitos de literatura, comecei a me perguntar algumas coisas.

Marx já dizia que a religião é o ópio do povo. Mas vamos além, pois não é apenas essa frase que nos fará entender um pouco da sua crítica:

"A religião não faz o homem, mas, ao contrário, o homem faz a religião: este é o fundamento da crítica irreligiosa. A religião é a autoconsciência e o autosentimento do homem que ainda não se encontrou ou que já se perdeu. Mas o homem não é um ser abstrato, isolado do mundo. (...)
(...)A religião é o soluço da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, o espírito de uma situação carente de espirito. É o ópio do povo."


(Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel)


Por quê utilizamos a religião para nos confortar? A literatura também tem esse poder. Na verdade, ela tem um poder muito maior do que a religião: o de libertar, de levantar questionamentos, de levar o leitor a enxergar verdades que estão escancaradas na sua cara.


A literatura também desempenha um papel de instituição social, ou seja, o conteúdo social das obras em si próprias e a influência que a literatura exerce no receptor fazem dela um instrumento poderoso de mobilização social! 

É através da literatura que o homem consegue entrar em contato com todo o conhecimento produzido para e pela humanidade. É através da literatura que homens e mulheres fazem uma viagem para dentro de si mesmos, refletindo sobre como chegamos aqui e qual o nosso papel no mundo.

A religião não tem esse poder. Pelo contrário, ela não incita a dúvida, por considerá-la um pecado. Ela nos força a acreditar em algo que não pode ser provado empiricamente. Ela nos dá um falso sentimento de completude e nos controla com seus dogmas.

A literatura nos permite acreditar no ser humano e nos faz enxergar que somos capazes de fazer grandiosidades utilizando a nossa razão.

O mundo não precisa de religiões, nem seitas, nem nada disso que nos cega profundamente. O mundo precisa de literatura.

O povo não precisa ler bíblias ou livros religiosos cheios de dogmas e teorias criacionistas. O mundo precisa de poesias, romances, filosofia e ciência, ou seja, livros que falam da realidade melhor do que a própria realidade o faz (no caso da poesia), livros que tentam explicar o mundo de maneira empírica e racional (ciência e filosofia). Livros que incitem a reflexão e à partir dela o homem consiga descobrir que pode continuar transformando o mundo sem a necessidade de uma religião.

Como seria o mundo se todos tivessem o direito à literatura da mesma forma que todos tem o direito de escolher uma religião?

Assistam ao curta, é uma grande homenagem àquilo que pode nos transformar.

Feliz dia do livro, viva a literatura!



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